sábado, 20 de agosto de 2011

[sem título]

Tirando o pó dessas páginas, volto com uma história que ainda não tem final (como várias aqui escritas)..mas a intenção é terminar.. ^^ Sabem né, sou meio enrolada pra continuações.. Tenso.. rsrs

Ando feliz esses dias, e o próximo post é sobre a vida da dona desta bagaça.. Fiquem com o texto.. Boa leitura e aguardo comentários.. ;)


~x~

"Foi mais um show. Bom, pelo menos era pra ter sido, mas foi o último. Eu saí do bar com destino certo com as palavras do, agora ex-guitarrista da The Cold, girando na minha cabeça e a mão doendo dos socos que eu dei no filho da mãe. Eu não acabei com a banda, mas com certeza, ficaríamos um bom tempo sem nos apresentar.

Andei a pé durante 20 minutos pela avenida principal, não vendo quase nada a frente, só a raiva e a vontade de ouvir a verdade. Os carros passavam correndo por mim, alguns buzinavam. As prostitutas mexiam comigo, me chamavam, eu ignorei tudo. Virei mais duas esquinas e estava na rua da casa de Alice. Uma rua estreita, ladeada por árvores, era incrível de acreditar que no meio daquela selva de pedras, ela havia encontrado um lugar com mais de duas árvores. Ela tinha até um jardinzinho na frente de sua casa pequena.

Parei em frente ao portão, a respiração forte e o coração martelando. Minha mão já não doía mais. Olhei no relógio, 3 da manhã. Um bom horário para se estar fazendo qualquer outra coisa, pensei comigo. Entrei pelo portão, olhei o jardim cheio de margaridas brancas e amarelas, alguns sapos de cerâmica que Alice adorava. Cheguei na soleira da porta, respirei fundo e bati.

“Você é um idiota, Jefferson Cold!” minha mente acusava, e eu sabia que ela estava certa. Alice atendeu quando eu bati a terceira vez, abriu a porta devagar. Estava do jeito que gostava de dormir, a camiseta larga dos Lakers, short curto, mas pelo jeito havia chegado a pouco do bar, pois os olhos ainda estavam pretos de maquiagem.
- Jeff! – a expressão foi surpresa.

- Podemos conversar Alice? – eu encarei seus olhos marcados e ela sorriu inocente.

- Entra, como foi o show? – perguntou e eu me perguntei se o que o canalha do Josh disse era verdade. Ela era tão linda, tão doce. Uma garota simples, que trabalhava no bar onde eu sempre tocava e onde nós nos conhecemos. Alice tinha 21 anos, tinha a pele clara, duas tatuagens de rosa em cada braço, um cabelo castanho comprido que ela quase nunca escovava. Era sensual sem ser vulgar. Enfim, o meu tipo preferido. Estávamos juntos há quase dois anos.

- Foi legal, casa cheia como sempre. – Eu tentei parecer natural, mas saiu meio forçado. Ela percebeu. Parei no meio da sala, olhando pros lados, tentando achar alguma prova de que eu estava certo, ou errado.

- Aconteceu alguma coisa Jeff? Você tá estranho... – ela me puxou e me abraçou calmamente, por um minuto eu desejei simplesmente esquecer o que tinha ido fazer ali, leva-la para cama, fazer amor e dormir juntos, como tantas vezes. Mas não.
- A gente precisa conversar. – minha voz saiu séria, ela se afastou e me encarou, curiosa. Não disse nada, então continuei.

- Alice, lembra quando eu disse que o Josh tava estranho comigo, não andava aparecendo nos ensaios, tava cheirando mais pó do que o normal e querendo conversar algo sério comigo? – disse e esperei. A reação dela foi de espanto, um pouco de medo. Ela me largou, sentou-se no sofá de capa laranja com flores brancas e olhou pro nada. Inferno, talvez fosse mesmo verdade.

- É.. lembro.. aconteceu alguma coisa Jeff? – sua voz saiu quase sussurrada, ela me olhou, mas logo desviou os olhos.

- Então, hoje eu prensei ele e ele me contou. – minha voz era séria, fria, como eu mesmo achei que não ia soar. – Eu sei porque ele tava querendo sair da banda, porque ele tava agindo daquela maneira estúpida, cheio de desculpas e arrependimentos. Era porque ele tava dormindo com você! Não é? Não é Alice, meu amor, você não me traiu com meu melhor amigo?? – ela baixou a cabeça e começou a chorar, eu fui até ela, me abaixei em sua frente, meu rosto queimando de raiva. Ela me olhou.

- Teve um dia que você chegou tarde no ensaio, eu tava no bar quando o Josh chegou, chapado, ele pediu uma cerveja e ficou no balcão, muito louco. – as palavras saiam baixas, pausadas. Eu esperei. – Quando ele perguntou por você, eu não sabia onde você estava, e ele veio pra cima de mim no corredor.

O cenário estava se formando na minha mente. Josh chapado, Alice trabalhando, o corredor cheio de pôsteres que ia do bar até a pista de dança. Josh puxando Alice, puxando a minha garota, agarrando ela no meio de todos. Explodi.

- Porra Alice! Você não é nenhuma criança! Quando o cara olha pra você, você já sabe o que ele quer! Porra! Você me traiu com o cara que eu chamava de amigo, e o que é pior, eu te amava, sua vadia! – levantei, e parei de costas pra ela, em frente a janela. Minhas mãos tremiam, eu as fechei em punho. Claro que não faria nada com Alice, até porque, já havia feito com Josh.

- O que aconteceu hoje? – ela perguntou, levantando a cabeça e respirando fundo, tentando se controlar.

- Ele me contou, contou que estava “comendo aquela garotinha linda”, assim que ele te chama né?! Little girl. Porque cara? Porque vocês fizeram isso? Por acaso o Josh viciado é mais homem que eu? – cuspi as palavras. – Sabe o que mais?? Quebrei a cara dele! Agradece o Rick pelo seu amante vagabundo estar vivo, porque se dependesse de mim, ele tava no fundo do rio uma hora dessas!

- Não diz isso Jefferson! – ela levantou e me abraçou por trás – Você não é capaz disso! – ela estava aos prantos de novo.

- Não, não sou capaz mesmo. Mas de uma coisa eu sou capaz. – eu soltei seus braços de volta da minha cintura e me virei devagar. Ela me lançou um olhar de súplica. – Eu, Jefferson Cold, nunca mais quero olhar pra essa sua cara de vadia. A banda acaba por enquanto, eu não piso mais naquele inferno que você chama de trabalho, você nunca mais me procura. Você acabou com tudo Alice. Parabéns. – minha voz tinha uma mistura amarga de dor, sarcasmo e raiva.

- Eu te amo – ela abaixou a cabeça, as lagrimas borrando mais ainda sua maquiagem, cruzou as mãos sobre o peito e se deixou cair no chão, eu conhecia aquela posição, tinha visto Alice daquela forma uma vez, quando seu pai, seu herói, morrera. Era a posição de dor, ela realmente estava sofrendo.

Ignorei o sentimento de pena que crescia em mim. Ela havia me traído, com meu melhor amigo, com o melhor guitarrista que eu já tinha encontrado pelos bares da cidade. Eu a amava, mas tinha que fazer alguma coisa.

- Você me ama? – Foi a única frase que Alice disse antes que eu me dirigisse a porta.

Suas lagrimas haviam secado, mas as linhas traçadas por elas estavam ali, como marcas eternas. Não me dei ao trabalho de encara-la, eu já sabia, apenas parei e fechei os olhos.

- Eu vou te esquecer! – cuspi as palavras e a senti se encolhendo ainda mais.

- Eu te amo Jeff...E por isso, vou ficar aqui.. E se um dia você me perdoar, eu ainda estarei aqui... – As palavras dela eram suaves, com uma verdade que chegou a doer.

- Até nunca mais. – saí e parei na porta que fechava silenciosa atrás de mim.

A chuva começou fina no céu roxo e cinza e eu me imaginei numa cena de filme antigo, onde o mocinho não fica com a mocinha no final. Eu amava aquela menina, mas o orgulho estava ferido, e tudo no que eu acreditava não fazia mais sentido. Acendi um cigarro, vesti o capuz do casaco e saí para a chuva. Eu precisava pensar.

~x~

Paz e Força Sempre!!

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