sábado, 13 de outubro de 2012

Sempre de madrugada.

Há muito tempo eu não escrevo aqui. Meus últimos textos não foram bonitos, mas foram sempre sinceros. Como este agora será.

Minha marca escrita é o sentimento que traduzo nas palavras, que quem lê pode até não sentir como eu me sinto neste momento, mas pode ao menos imaginar.

 A vida dá e tira muitas alegrias do nosso dia-a-dia, não por não merecermos ter essas alegrias o tempo todo, mas por algum motivo, não é normal alguém estar feliz, contente com tudo e todos durante todas as 24 horas do dia.

 Pra mim, a alegria vem com a madrugada, quando a cidade toda já está dormindo e só estamos nós dois, eu e ele acordados, fazendo alguma coisa. Juntos. Conversamos, ficamos na varanda enquanto eu fumo um cigarro, ele me conta sobre algo interessante e eu fico me imaginando na maioria das histórias.

Quando é de madrugada, a cidade fica tão bonita que podia ser madrugada sempre. Na madrugada da cidade grande, o céu é laranja por causa das nuvens e fumaça que refletem as luzes dos postes. Durante a madrugada, carros não passam com seus motoristas em ritmo louco de trabalho, eles passam como se admirando aquele silêncio pacifico onde só uma ou outra sirene reina.

A vida me deu belos momentos para serem lembrados pela eterniadade dessas últimas três madrugadas. O silêncio do apartamento, a bagunça da casa de shows, as conversas e ideias das caminhadas junto aos companheiros. Histórias vividas sem pudor e contadas sem medo. Contos, causos e acasos que se misturam e formam a perfeição da vivência, da experiência do existir.

Aos companheiros de festas, baladas, agitos, brigas, encontros e desencontros, meu muito obrigada. Vocês fazem as madrugadas de bagunça serem sempre as melhores. Ao meu melhor amigo, companheiro, parceiro, amante, amado e marido, minha vida, minha alma. Se os amigos fazem das madrugadas inesquecíveis, você faz de cada amanhecer, único, verdadeiro e eterno. Todo o amor do mundo não caberia em palavras pra dizer o quanto eu sou feliz e estou feliz ao seu lado.

Não me preocupo com as alegrias que a vida me trará, o que me faz tremer é o dia em que ela resolver tirar de mim essas alegrias.

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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mais um sem título

Faz muito tempo que não escrevo nada novo. Mas minha alma anda cheia de sentimentos, todos, ao que vejo, quando olho pra dentro, são escuros, frios e sem cor. Sentimentos que me fazem querer ir ainda mais fundo, cavar mais esse poço seco que eu insisto em chamar de coração. Perder algo não é simplesmente perder como se houvesse ganho, levado pra casa e um dia, vc acorda e não está mais lá. É muito mais que isso. Perder é algo que nunca se esquece, que nunca se apaga, que por mais que esteja escondido e basta procurar, o que se perde nunca será o mesmo, caso vc não tivesse perdido.
Ninguém vai entender nada do que eu estou escrevendo, mas a fúria por escrever e extravasar esses sentimentos (ou a falta deles) é maior, e de alguma forma, assim como as lagrimas que correm ser querer, molhando todo o céu castanho dos meus olhos, as letras se desenhando numa simples página, me ajudam a destroçar a dor.
Não entendo minha vida, quando as coisas parecem bem, uma tempestade daquelas que inundam tudo cai sobre mim. Quando eu amo e (acho que) sou correspondida, em algum lugar, encontro palavras que me dizem o contrário, dizem que vou perder o que eu amo, que vou ficar simplesmente sozinha. Que não haverá salvação para a alma e acalento ao coração ferido.
Eu amo. Disso eu não duvido, mas será que é recíproco? Se eu tivesse a chance de mudar algo, não teria pedido nada, não teria implorado. Mas isso não seria covardia? Não seria triste não lutar pelo que se quer? Não é o fato de ver que algo não está certo, que não se pode fazer feliz completamente que leva a pensar em lutar, melhorar e buscar a cada dia conquistar espaços? Sim, é. Mas comigo é tão diferente, o fato de ver tristeza nos olhos de quem eu amo, me faz pensar em deixar livre, em mandar embora e deixar seguir o caminho que, ao menos eu acho, será melhor. A felicidade não se encontra nas pequenas coisas e momentos, mas sim, nas demonstrações, nos gritos incontidos, nas grandes provas. Eu busco provar meu amor a cada dia, busco modificar minha personalidade e meus atos em prol do amor que eu cultivo, mas nunca parece o bastante. Nunca é tudo que eu penso. Nunca é aquilo que se espera de mim.
As lagrimas queimam meu rosto nesse momento, eu abaixo a cabeça, eu respiro mas elas teimam em cair, não posso demonstrar, não quero demonstrar. Mesmo com toda a tristeza que se abate sobre mim nesses ultimos dias, eu prefiro simplesmente ignorar a dor emocional e me focar nos problemas físicos que me afetam. Eu não quero brigar, não quero perder. Mas se esse for o único caminho encontrado pra esse amor, espero que seja feliz.
Uma vez eu ouvi que quando se ama alguém, deve-se deixar livre, pois se for embora e voltar é pq era pra ser. Caso não volte, é pq, de fato, nunca pertenceu. Eu não levo muito a sério isso, eu acredito que, o fato de ir embora só prova que nunca houve amor verdadeiro. Quando se planeja uma vida a dois, quando se busca o crescimento um ao lado do outro, a distância é o abraço, o que separa são suspiros. Não a despedida final, não a morte, não a busca pela liberdade. Quando se ama, se fica junto, procurando melhorar pelo outro, não muda-lo, pois quem ama, não muda, mas sim, completa. Chega de frases feitas, chega de lágrimas e de falsa tranquilidade. Quando se está numa parede de escudos, com o inimigo em maior número, não é simplesmente fechar os olhos e se deixar transpassar por uma lança. É lutar, encarar toda a dor e toda a perda que se pode ter e encher os pulmões para gritar "pode vir, vou acabar com vc".
Se eu perder o que eu posso perder, e acredito que vou perder, pq é uma decisão que não coube a mim tomar, espero que alguém um dia lembre-se que foi por mim amado, que teve meu carinho, lealdade e dedicação. Que teve tudo de mais belo que eu podia oferecer a alguém, e esse alguém é vc. Eu te amo. Eu nunca vou esquecer vc. Seja aqui, com vc, seja em outro mundo, que é pra onde eu vou, sem vc.
A morte não é triste, ela é doce e reconfortante. Eu já toquei a morte uma vez. Mas seu abraço foi rápido, sutil. Quando a perda é irremediável, buscarei a morte como uma solução de tudo que me magoa, de tudo que me faz mal. E espero que ela me encontre de braços abertos, pois sem ele aqui, nada mais me faz falta.

Uma paz que eu não tenho.
Uma força que eu perdi.
Um pra sempre que acaba.

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terça-feira, 27 de março de 2012

Não temos vagas

Salve leitores desse humilde blog... faz tempo que não venho retirar as teias de aranha dessas páginas... Mas é que a vida nova anda comendo meu tempo de maneira faminta.. Enfim.. Deixo vocês hoje com um texto que, sem brincadeira, eu realmente queria terminar, mas não sei nem como.. rsrs... Tá, eu sei, mas é que me falta a tal da boa inspiração pra concluir.. Tem gente que entende bem o que eu quero dizer com isso.. Enfim.. Tá aí..


xxx


Quando você acorda no meio de um monte de entulho, num lugar que você não tem a menor ideia de como foi parar, e quando você se levanta, vê um cara morto ao seu lado, e sua camisa cheia de sangue, das duas uma. Ou você escapou de um massacre milagrosamente e não se lembra de nada ou você teve um surto psicótico e provocou todo o massacre e não se lembra de nada.

Era sexta a noite, não sei porque, mas quase todos os meus problemas começam no sexta a noite. Primeiro, eu preciso me apresentar. Meu nome é Mike Youn, tenho 28 anos, sou de áries, gosto de beber whisky barato e fumar cigarros caros. Tenho (ou tinha) uma namorada, ela se chama Liza, e odeia que eu fume perto dela.

Sou um cara normal, branco, estatura média, não tenho antecedentes criminais e minha infância não foi marcada por espancamentos nem problemas de família constantes. Perdi meu pai quando tinha oito anos, mas tecnicamente, isso não afetou minha personalidade.

Não me considero um nerd certinho, nem um maluco. Tá, já tive algumas experiências com drogas e nunca fui um santo com as mulheres, mas também não faço o tipo cafajeste de fim de noite.

Bom, mas voltando à história. Era pra ser uma sexta-feira como qualquer outra. O clima estava pesado, o céu carregado pronto pra despejar uma chuva grossa. Peguei Liza no trabalho (ela é atendente no mercado) e a ideia inicial era pegar um whisky e ir pra casa curtir um filme com minha garota.

Era pra ser assim.

Quando Liza entrou no carro, estava nervosa, arrumando o cabelo, parecia querer esconder algo de mim. Mas só queria.

- Que foi amor? - Perguntei carinhoso, passando a mão no seu rosto. Liza é uma menina linda, ruiva natural, com sardinhas. Um nariz empinado e olhos claros que me deixam sem ar.

- É... nada... Só o trabalho, cansativo.... - Ela gaguejou muito, e eu insisti.

- Me diz, que aconteceu? É alguma coisa com o Sr. Melvin, ele andou tentando algo com você de novo? - Maldito chefe asqueroso, desde que Liza começou no mercado, dava um jeito de leva-la pro estoque pra tentar mostrar algo que provavelmente ele nem usa mais.

- Nada You, só estou cansada. - Era o jeito meigo que ela me chamava. Na verdade, quase todos meus amigos me chamavam de You. Coisa de criança.

Dirigi em silêncio até nosso apartamento. Ah, sim, eu e a Liz dividimos um ap há uns sete meses. Não somos casados, nem usamos aliança de compromisso, mas é legal dormir e acordar juntos todo dia.

Quando chegamos, abri a porta do carro, e notei que Liz estava chorando, ela me abraçou, ali mesmo, seu coração estava disparado e ela disse no meu ouvido com a voz intercortada por soluços. - Eu te amo, não importa quanto tempo agente fique junto, você é o amor da minha vida. Nunca esqueça ou duvide disso, Mike Luke Youn. - Deus, a coisa era séria. Liz nunca dizia meu nome do meio se não fosse algo realmente sério.

Abracei forte a garota que eu mais amo no mundo e subimos para o apartamento. Ela pareceu melhorar com aquilo, ficou falante, contou sobre o dia, mas não mencionou o chefe tarado.

Jantamos comida japonesa e eu tomei metade do meu whisky. Fizemos amor de um jeito apaixonado, intenso. Liz arranhou minhas costas com uma força a mais. Ela deitou no meu braço, e eu que já estava meio bêbado do whisky, depois do amor sensacional, capotei.

Acordei com meu celular tocando como se o mundo fosse acabar. Liz não estava no quarto, olhei no celular, não conhecia o numero. Preferi ignorar e procurar minha garota.

- Liza, amor... - Olhei pelo quarto, só vi a minha bagunça. Cadê as coisas da garota?
Chamei de novo, ninguém respondeu. Olhei no relógio, sábado, 10 da manhã. Ela não trabalha hoje. Cocei a cabeça e fui pro chuveiro. Banho gelado para acordar. Quando eu parei para olhar minha cara no espelho, vi a carta pendurada.

Olha, eu não sou um cara que se espanta com as coisas, mas dessa vez, sentei na tampa do vaso e li estupefato as linhas com letras corridas cheias de algum sentimento que, com certeza, não era amor.

"You... Me perdoe, mas é algo inevitável. Eu chorei muito vendo vc dormir, e acredite, será melhor assim. Não me procura tá... A gente se vê qualquer dia... E não esquece nem duvida nunca, EU AMO VC... Sua Liz.."


xxx

Paz e Força sempre.

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O poder da saudade

Uma vez eu ouvi numa canção, que 'a saudade não tem braços, mas sabe como apertar', e diante de tudo que está acontecendo na minha vida ultimamente, eu tive a absoluta certeza que essa afirmação procede.

É engraçado, vc conhece uma pessoa, vcs ficam, começam a namorar, vc se apaixona aos poucos, a pessoa te conquista e de repente, vcs dependem um do outro. O dia não é mais o mesmo se não tiverem a companhia um do outro.

Quando estamos perto, é tudo de melhor. O abraço dado a qualquer hora, os beijos roubados, a sensação do corpo do outro próximo, dormir juntos, fazer amor de madrugada, tomar banho juntos, fumar na janela, brincar e contar histórias. É complicado quando, de uma hora pra outra, perdemos isso, ficamos sem chão, como se uma parte nossa tivesse sido amputada, sem nehum tipo de anestesia.

É bem esse o sentimento. Falta algo. Falta a presença dele na minha vida, falta o calor dele no meu corpo. Falta o sorriso dele iluminando minhas noites sem lua e a risada dele pra me acordar de manhã.

Eu preciso dele como preciso do ar pra viver. Me sinto triste, me entregando à toda a solidão possível. Me deixando levar pela dor de estar separada de quem eu tanto amo. É vc, e só vc que tem o poder de trazer a alegria de volta ao meu coração.

Não tenho mais casa, meu lar é vc, onde vc estiver.
Sem vc sou uma sem-teto, sem carinho nem perspectiva.

Não preciso de mais nada.
Ter vc é tudo pra mim.

Eu te amo.
Volta logo.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Eu e o vento....

Nossa amizade começou estranha.. Ele rabiscava palavras nas nuvens, e eu, boba como sempre, tentava adivinhar se o que ele dizia era pra mim ou não.. Sempre pensava que era.. E ficava encantada com tudo aquilo..

Ele era perfeito, e estava em tudo. Sempre. Balançava meu cabelo da maneira como eu mais gosto, as vezes mais leve, as vezes mais tempestuoso. Mas sempre estava lá.. Quando eu acordava, estava na janela, me trazendo o cheiro das flores de primavera.. Quando a noite, me trazia lembranças suaves de amores que passaram..

Era amigo, me fazia companhia.. Quando sentava na janela para fumar, ele me acompanhava, e quando eu perguntava ou dizia alguma bobagem, ele em protesto, se calava.. O que eu queria era que nunca ele parasse, que nunca se afastasse de mim.. Sem ele, metade do meu mundo não faz sentido.. E mesmo se fizesse, sem ele não seria como é..

É dificil não tê-lo.. Eu preciso senti-lo, mesmo sem tocá-lo..Preciso saber que ele existe, que ele está lá fora, só esperando eu sair para me envolver..

Eu continuo aqui, parada, olhando fotos velhas e sonhando com amores platônicos que ele me traz.. E ele, bem, ele está solto por aí, sem dona, indo e voltando, suave ou bravio, perigoso e sedutor.. Escrevendo minhas frases de amor nas nuvens do céu..

Paz e Força Sempre. ;)

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sábado, 20 de agosto de 2011

[sem título]

Tirando o pó dessas páginas, volto com uma história que ainda não tem final (como várias aqui escritas)..mas a intenção é terminar.. ^^ Sabem né, sou meio enrolada pra continuações.. Tenso.. rsrs

Ando feliz esses dias, e o próximo post é sobre a vida da dona desta bagaça.. Fiquem com o texto.. Boa leitura e aguardo comentários.. ;)


~x~

"Foi mais um show. Bom, pelo menos era pra ter sido, mas foi o último. Eu saí do bar com destino certo com as palavras do, agora ex-guitarrista da The Cold, girando na minha cabeça e a mão doendo dos socos que eu dei no filho da mãe. Eu não acabei com a banda, mas com certeza, ficaríamos um bom tempo sem nos apresentar.

Andei a pé durante 20 minutos pela avenida principal, não vendo quase nada a frente, só a raiva e a vontade de ouvir a verdade. Os carros passavam correndo por mim, alguns buzinavam. As prostitutas mexiam comigo, me chamavam, eu ignorei tudo. Virei mais duas esquinas e estava na rua da casa de Alice. Uma rua estreita, ladeada por árvores, era incrível de acreditar que no meio daquela selva de pedras, ela havia encontrado um lugar com mais de duas árvores. Ela tinha até um jardinzinho na frente de sua casa pequena.

Parei em frente ao portão, a respiração forte e o coração martelando. Minha mão já não doía mais. Olhei no relógio, 3 da manhã. Um bom horário para se estar fazendo qualquer outra coisa, pensei comigo. Entrei pelo portão, olhei o jardim cheio de margaridas brancas e amarelas, alguns sapos de cerâmica que Alice adorava. Cheguei na soleira da porta, respirei fundo e bati.

“Você é um idiota, Jefferson Cold!” minha mente acusava, e eu sabia que ela estava certa. Alice atendeu quando eu bati a terceira vez, abriu a porta devagar. Estava do jeito que gostava de dormir, a camiseta larga dos Lakers, short curto, mas pelo jeito havia chegado a pouco do bar, pois os olhos ainda estavam pretos de maquiagem.
- Jeff! – a expressão foi surpresa.

- Podemos conversar Alice? – eu encarei seus olhos marcados e ela sorriu inocente.

- Entra, como foi o show? – perguntou e eu me perguntei se o que o canalha do Josh disse era verdade. Ela era tão linda, tão doce. Uma garota simples, que trabalhava no bar onde eu sempre tocava e onde nós nos conhecemos. Alice tinha 21 anos, tinha a pele clara, duas tatuagens de rosa em cada braço, um cabelo castanho comprido que ela quase nunca escovava. Era sensual sem ser vulgar. Enfim, o meu tipo preferido. Estávamos juntos há quase dois anos.

- Foi legal, casa cheia como sempre. – Eu tentei parecer natural, mas saiu meio forçado. Ela percebeu. Parei no meio da sala, olhando pros lados, tentando achar alguma prova de que eu estava certo, ou errado.

- Aconteceu alguma coisa Jeff? Você tá estranho... – ela me puxou e me abraçou calmamente, por um minuto eu desejei simplesmente esquecer o que tinha ido fazer ali, leva-la para cama, fazer amor e dormir juntos, como tantas vezes. Mas não.
- A gente precisa conversar. – minha voz saiu séria, ela se afastou e me encarou, curiosa. Não disse nada, então continuei.

- Alice, lembra quando eu disse que o Josh tava estranho comigo, não andava aparecendo nos ensaios, tava cheirando mais pó do que o normal e querendo conversar algo sério comigo? – disse e esperei. A reação dela foi de espanto, um pouco de medo. Ela me largou, sentou-se no sofá de capa laranja com flores brancas e olhou pro nada. Inferno, talvez fosse mesmo verdade.

- É.. lembro.. aconteceu alguma coisa Jeff? – sua voz saiu quase sussurrada, ela me olhou, mas logo desviou os olhos.

- Então, hoje eu prensei ele e ele me contou. – minha voz era séria, fria, como eu mesmo achei que não ia soar. – Eu sei porque ele tava querendo sair da banda, porque ele tava agindo daquela maneira estúpida, cheio de desculpas e arrependimentos. Era porque ele tava dormindo com você! Não é? Não é Alice, meu amor, você não me traiu com meu melhor amigo?? – ela baixou a cabeça e começou a chorar, eu fui até ela, me abaixei em sua frente, meu rosto queimando de raiva. Ela me olhou.

- Teve um dia que você chegou tarde no ensaio, eu tava no bar quando o Josh chegou, chapado, ele pediu uma cerveja e ficou no balcão, muito louco. – as palavras saiam baixas, pausadas. Eu esperei. – Quando ele perguntou por você, eu não sabia onde você estava, e ele veio pra cima de mim no corredor.

O cenário estava se formando na minha mente. Josh chapado, Alice trabalhando, o corredor cheio de pôsteres que ia do bar até a pista de dança. Josh puxando Alice, puxando a minha garota, agarrando ela no meio de todos. Explodi.

- Porra Alice! Você não é nenhuma criança! Quando o cara olha pra você, você já sabe o que ele quer! Porra! Você me traiu com o cara que eu chamava de amigo, e o que é pior, eu te amava, sua vadia! – levantei, e parei de costas pra ela, em frente a janela. Minhas mãos tremiam, eu as fechei em punho. Claro que não faria nada com Alice, até porque, já havia feito com Josh.

- O que aconteceu hoje? – ela perguntou, levantando a cabeça e respirando fundo, tentando se controlar.

- Ele me contou, contou que estava “comendo aquela garotinha linda”, assim que ele te chama né?! Little girl. Porque cara? Porque vocês fizeram isso? Por acaso o Josh viciado é mais homem que eu? – cuspi as palavras. – Sabe o que mais?? Quebrei a cara dele! Agradece o Rick pelo seu amante vagabundo estar vivo, porque se dependesse de mim, ele tava no fundo do rio uma hora dessas!

- Não diz isso Jefferson! – ela levantou e me abraçou por trás – Você não é capaz disso! – ela estava aos prantos de novo.

- Não, não sou capaz mesmo. Mas de uma coisa eu sou capaz. – eu soltei seus braços de volta da minha cintura e me virei devagar. Ela me lançou um olhar de súplica. – Eu, Jefferson Cold, nunca mais quero olhar pra essa sua cara de vadia. A banda acaba por enquanto, eu não piso mais naquele inferno que você chama de trabalho, você nunca mais me procura. Você acabou com tudo Alice. Parabéns. – minha voz tinha uma mistura amarga de dor, sarcasmo e raiva.

- Eu te amo – ela abaixou a cabeça, as lagrimas borrando mais ainda sua maquiagem, cruzou as mãos sobre o peito e se deixou cair no chão, eu conhecia aquela posição, tinha visto Alice daquela forma uma vez, quando seu pai, seu herói, morrera. Era a posição de dor, ela realmente estava sofrendo.

Ignorei o sentimento de pena que crescia em mim. Ela havia me traído, com meu melhor amigo, com o melhor guitarrista que eu já tinha encontrado pelos bares da cidade. Eu a amava, mas tinha que fazer alguma coisa.

- Você me ama? – Foi a única frase que Alice disse antes que eu me dirigisse a porta.

Suas lagrimas haviam secado, mas as linhas traçadas por elas estavam ali, como marcas eternas. Não me dei ao trabalho de encara-la, eu já sabia, apenas parei e fechei os olhos.

- Eu vou te esquecer! – cuspi as palavras e a senti se encolhendo ainda mais.

- Eu te amo Jeff...E por isso, vou ficar aqui.. E se um dia você me perdoar, eu ainda estarei aqui... – As palavras dela eram suaves, com uma verdade que chegou a doer.

- Até nunca mais. – saí e parei na porta que fechava silenciosa atrás de mim.

A chuva começou fina no céu roxo e cinza e eu me imaginei numa cena de filme antigo, onde o mocinho não fica com a mocinha no final. Eu amava aquela menina, mas o orgulho estava ferido, e tudo no que eu acreditava não fazia mais sentido. Acendi um cigarro, vesti o capuz do casaco e saí para a chuva. Eu precisava pensar.

~x~

Paz e Força Sempre!!

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