quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Réquiem


"Amanhecera, chuva forte e neblina, era apenas o começo de um dia que não era como outro qualquer, era uma manhã onde a razão por uma vez falou mais alto que o coração.


Demorou a entender que até os céus compartilhavam da sua dor, do seu momento de luto. Pudera, no mesmo dia seria obrigado a ver seus amigos por uma última vez.

Teria de se recordar os bons momentos vividos com cada um deles, das noitadas de cerveja, das tardes de conversa, do sorriso despreocupado, de como cada um, mesmo cheio de defeitos era essencial para ele e para o resto do grupo.

A sua tristeza e silêncio não era pela perda dos tão estimados, pois para ele, a morte era apenas uma passagem, uma libertação da matéria. O seu silêncio era pela forma como todos morreram, ou bem dizendo, foram mortos.

Os primeiros morreram por discussões baratas, sem sentido, motivos fúteis e banais. Logo se via uma garrafa sendo partida e o pedaço partido sendo usado como lâmina, que atravessaria o corpo do primeiro, que antes de perder os sentidos, pegaria o revólver que carregava consigo ocasionalmente.

Era presente do pai, que a tudo se sujeitava para ver o filho feliz, e posteriormente se arruinaria em desespero por saber que tal arma, que seria linda se não fosse malígna, fora pelo próprio filho usada, momentos antes de desmaiar, para disparar contra o até então amigo que lhe havia ferido.


A arma, automática, acabou por disparar uma rajada de balas que atingiram outros, inocentes, que estavam com eles no local e o mais safo hoje encontra-se em coma.

Outros morreram pela falta de confiança, de companheirismo mútuo, faltou lhes maturidade, sobrou desespero, acabaram por envenenar um ao outro, justamente com a mesma garrafa de vinho, que era a favorita dos dois.
Ela bebera primeiro, ele pouco depois e em pouco tempo, estavam colocando pra fora o que por sua própria força não connseguiam. Não demorou muito tempo até que ela caisse delicadamente no chão e ele fechasse os olhos, para sempre, sentado naquele sofá.
O mesmo cenário que fora palco de noites quentes amor outrora, naquele dia tornou-se o circo dos horrores, a benção da união corrompeu-se e virou pó.

Chocados após os dois ocorridos, alguns não resistiram, perderam a sanidade, e enlouqueceram. Uns tiveram de ser internados, síndrome do pânico, outros tem pesadelos constantes e houve um que se suicidou.

Levou um certo tempo para que ele soubesse dos ocorridos e tivesse tempo para refletir. Tudo que ele conseguia fazer era uma oração aos que se foram e uma tentativa, tímida, de olhar aos céus e desejar que estivessem todos bem.

Despediu-se dos amigos, com o mesmo silêncio com que chegara ao enterro, prestou seus sentimentos às famílias e retirou-se.


Ao sair, viu dois garotos discutindo, olhou-os, eles olharam de volta e o silêncio acabou com a dicussão, como se os dois mesmo pequenos demais, entendessem como ninguém, a sua dor."



Por hoje é só

By Danilo Santucci ( Dan )



3 comentários:

  1. Gostei muito...

    só fikdik.. lÊ antes ta... sabe como eu sou né...

    bjo mor...

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  2. pow, mto bom... mto bom msm

    é o tipo de história[?] qe prende o espectador [meu caso]...

    parabens, e continue assim...

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