sábado, 10 de julho de 2010

Real e Imaginário

"Eu andava por uma estrada. Era uma estrada reta, feita de pedras e areia. Nas margens da estrada havia uma cerca de arame farpado.

Eu estava caminhando, estava descalça. Eu sentia dor ao caminhar, pois meus pés iam pisando em falso nas pedras. Quando eu olhava pra trás, eu via o rastro de sangue que estava deixando. Pegadas de sangue. Eu sentia a dor dos pés, mas não conseguia parar.

No final da estrada, havia uma casa. Uma casa simples, dessas que parecem desenho de criança. A casa era pequena e tinha uma chaminé de onde eu via sair uma fumaça escura. O ar tinha um cheiro estranho de café, cigarro e maresia. Mas eu não via nenhum mar. Nenhuma imensidão azul e bravia. Também não sentia vento. Não havia nenhuma brisa, mas o cheiro de maresia era inconfundível.

No céu, bem, era estranho porque quando eu olhei pro céu, havia duas luas, uma maior, brilhante e quente, e uma outra, um pouco menor, fria e sem brilho. Quando eu olhei para o céu, eu tremi, pela primeira vez eu senti muito medo de estar ali.

Continuei caminhando. A dor nos pés estava quase insuportável, mas eu não conseguia parar. Quanto mais eu caminhava em direção à casa, mais ela se distanciava. Também a lua maior ficava mais quente, e ia passando em frente da menor.

De repente, eu olhei para o lado esquero, o campo atras da cerca de arame estava limpo, muito claro. Olhei para o lado direito e havia só uma árvore. Mas não parecia uma árvore normal, eu não conseguia ver direito, mas ela era formada de pássaros, grandes pássaros negros. O mais estranho era todo o silêncio, eu via os pássaros me olhando, mas não ouvia nada. Talvez não houvesse nada para ouvir.

Quando passei por aquela árvore, os pássaros levantaram voo, mas mesmo assim tudo era silêncio. Eles voaram até a lua maior e a cubriram com suas asas negras. E de repente eu estava na porta da casinha tremendo de frio. E de lá de dentro vinha o cheiro de café e cigarro. Quando eu levantei a mão para bater...

Nesse momento, eu acordei assustada."


***


Eu tinha esse sonho quase todas as noites até meus 12 anos.
Eu nunca o entendi. E receio nunca entender. Só sei de uma coisa. Meus pés amanheciam doloridos, como se eu realmente estivesse percorrendo aquele caminho estranho e frio.

É isso gente.


Paz e Força Sempre.

4 comentários:

  1. O_o

    puta merda... foderoso esse texto, hein...

    curti pakas... até consegui ver a casinha e todo o resto do cenário...

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  2. "Quando sonhamos, entramos em um mundo só nosso, em que não precisamos entender tudo completamente, pois as pessas se encaixam depois, conforme a vida passa e a gente cresce"...


    sonho doido em

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  3. Hehe.. já vi poesia, já vi crítica, agora finalmente uma narrativa...
    infelizmente é em primeira pessoa...
    infelizmente não porque é ruim! de forma alguma, mas sim porque EU não sou muito fã...
    Mas isso é uma opinião pessoal, que não tem nada a ver com seu texto, que por sinal está muito bom...
    bem escrito e descrito!
    Muito fera!

    Sonho tenso ein! você já teve melhores ein auheauaheeuah XD

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  4. Muito bom hein.

    :3

    Gostei muito do texto.

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